tag:blogger.com,1999:blog-86542286216434420582023-11-15T08:54:28.663-08:00Importa-se de repetir?NCDhttp://www.blogger.com/profile/01135063808128731194noreply@blogger.comBlogger2125tag:blogger.com,1999:blog-8654228621643442058.post-67821226730778206932015-04-05T00:17:00.002-07:002015-04-05T01:15:49.193-07:00Ser Dolce e Gabanna<div class="MsoNormal" style="text-align: justify; text-indent: 35.4pt;">
Talvez eu
devesse ter escrito isto há mais de um século. Afinal a internet tem outro
ritmo que não se compadece com a maturidade. Se o escrevesse a quente não o
teria escrito assim. Terei de ir tentando equilibrar-me na fina linha em tensão
entre o ritmo, a reflexão, os afazeres, que os há além da escrita, e a
obrigação que tenho para convosco e para com os temas que trago, cuja leitura
pessoal procuro que seja original. Uma linha em tensão sobre tamanha trama tem
um nome: teia. Sempre quis ser o homem-aranha. Que maneira estranha de pedir
desculpas a quem me lê e teve a paciência de esperar estes anos-luz. Ainda bem
que é só um. Ou dois, vá, no máximo. Mas para os que são, vale a pena. <o:p></o:p></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
Voltemos
a essa expressão sempre tão infeliz: a vaca fria. <a href="http://ciberduvidas.pt/pergunta.php?id=21250">Se bem que com maionese</a>,
marcha, fria e tudo.<o:p></o:p></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<a href="http://brasil.elpais.com/brasil/2015/03/20/estilo/1426866315_211834.html">Dolce
e Gabanna disseram isto</a>. Elton John ofendeu-se e disse que não comprava.
Podia não comprar e estar calado, mas não seria ele se estivesse calado. Depois
veio a Vitória. A Courtney. A Madonna. A Ellen. Não necessariamente por esta
ordem.<o:p></o:p></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
A
internet é um local de lendas, não há dúvida, mas são lendas escolhidas. Não
são escolhidas pelo algoritmo G, mas por quem o manipula. No caso é
interessante que tenhamos que escavar bem fundo para encontrar as <a href="http://www.panorama.it/magazine/famiglie-omogenitoriali-figli-dolce-gabbana/">declarações
originais de Dolce e Gabanna:</a> os títulos que nos aparecem são sempre do
boicote. <a href="http://br.eonline.com/2015/estilistas-da-dolce-gabbana-respondem-polemica-com-gays/">Alguns
artigos</a> vão mais longe e acompanham a notícia de links, todos eles
negativos, sobre Dolce e Gabanna e links, todos eles positivos, sobre Elton
John. <o:p></o:p></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
De
um lado, temos declarações de uns estilistas sobre as suas convicções e
história pessoais. Note-se que eles nem sequer são unânimes. Um gostaria de ter
tido um filho, o outro não, considera que optou por outra vida e que isso tem
consequências. Do outro lado temos uma polémica, um boicote, as declarações
reduzidas a um soundbyte, um hastag repetido a ritmo alinhado, orquestrado.<o:p></o:p></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
Declaração
de interesses: houve tempos em que ouvi Elton John. Até é possível que tenha
chegado a cantar qualquer coisa dele em karaoke, embora não esteja disposto a
admiti-lo senão perante provas documentais. À cautela e sem conceder peço
desculpas por isso, não só ao Elton John com a quem estivesse presente,
coitados. Dolce e Gabanna não me lembro de alguma vez ter usado, mas eu não sei
a marca da maior parte da roupa que uso, o que pode ser um indicador. <o:p></o:p></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
Hoje
decidi experimentar a lógica de Elton John: entrei no estabelecimento e disse
Ouça lá, ó Senhor Sousa, é a favor ou contra a adopção por homossexuais? Ele
ficou a olhar para mim, manipulo na mão: “Hã?” Eu expliquei: “É que se não
tiver a mesma opinião que eu num assunto destes como é que eu posso confiar?
Deve ser mais amargo que o da concorrência. Mais frio. Seria incapaz…”
Interrompeu-me “Ó S’or Nuno, este sai à casa, que se vê mesmo que está a
precisar” E pousou-me um café à frente em cima do balcão. <o:p></o:p></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
Não
se pode pensar diferente sem que nos caiam em cima como os corvos de Sir
Alfred. Este tipo de mobbing empobrece-nos a todos. Coloca em causa a liberdade
de expressão. Não se pode ser Charlie sem ser Dolce e Gabanna. No final, há um
feitiço que se vira contra o feiticeiro: ninguém pode acreditar numa opinião
que não tem a liberdade de ser outra que não aquela.<br />
<div style="text-indent: 0px;">
<span style="text-indent: 35.4pt;"> Há um nome
para isto: public shaming. Há quem diga que tem de parar. Monica Lewinsky
di-lo, </span><a href="https://www.ted.com/talks/monica_lewinsky_the_price_of_shame" style="text-indent: 35.4pt;">numa
comunicação TED</a><span style="text-indent: 35.4pt;">. Há quem escreva</span><a href="http://www.theguardian.com/books/2015/mar/05/so-youve-been-publicly-shamed-jon-ronson-review" style="text-indent: 35.4pt;">
livros sobre isto</a><span style="text-indent: 35.4pt;">. Há quem tenha feito do controlo destes danos </span><a href="http://www.reputation.com/">um negócio</a><span id="goog_1081003811"></span><span id="goog_1081003812"></span><a href="https://www.blogger.com/"></a><span style="text-indent: 35.4pt;">. E há quem tenha
feito um </span><a href="http://gimletmedia.com/episode/18-silence-and-respect/" style="text-indent: 35.4pt;">magnífico
podcast</a><span style="text-indent: 35.4pt;"> sobre o assunto. Se quiserem saber o que é que eu vou a ouvir
quando corro, se estiver com sorte, alguma coisa assim. Não é certamente o
último êxito do Elton John: não dá jeito correr com gira-discos. </span></div>
</div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify; text-indent: 35.4pt;">
<o:p></o:p></div>
NCDhttp://www.blogger.com/profile/01135063808128731194noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-8654228621643442058.post-87575589436903375382015-03-05T20:28:00.000-08:002015-03-05T20:28:00.614-08:00Pedro e o Lobo I<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Arial, Helvetica, sans-serif;">Este folhetim de Pedro Passos Coelho com a Segurança Social
e as Finanças tem muito que se lhe diga. Mas nem tudo o que há a dizer é tão
óbvio como parece. <o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Arial, Helvetica, sans-serif;">A primeira coisa que há a dizer e
não é despicienda: a dívida, ao que parece, está paga. Não é pouco, nos tempos
que correm. Pontos negativos para Gryffindor (e não, não é Slytherin que a comparação
é pueril mas é minha, e quem manda aqui sou eu, se não levo a bola para casa e
acabou o jogo. Quanto muito Hufflepuff), pontos negativos, dizia, antes de ser brutalmente
interrompido por mim próprio: foi paga da forma mais atrapalhada que se possa
imaginar. Perante uma dívida prescrita, PPC tinha duas hipóteses: ou pagava ou
não pagava. A solução dele foi pagar mais tarde, não da primeira vez que alguém
falou no assunto mas da segunda. E não foi porque não ia pagar, ele ia, mas era
depois. Bolas. Não se arranjava uma forma mais complicada de fazer as coisas?<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Arial, Helvetica, sans-serif;">No entanto a coisa explica-se:
tal como o assunto lhe era apresentado, PPC entendia que não tinha um dever de
pagar, apenas um direito – o de aproveitar aqueles anos de descontos se e
quando lhe conviesse, pagando os referidos descontos. Consigo identificar-me
perfeitamente com esta lógica: perante o Estado, pagar o menos possível pelo
melhor benefício. Nada de estranho. Mais: perguntado por um jornalista, PPC deu
as explicações que entendeu adequadas e nada aconteceu. Parecia a confirmação
de que tinha razão. Quando o assunto surge agora, fez o que é normal: se
chateiam muito com isso, mais vale pagar para ver se se calam. Devia tê-lo
feito desde a primeira vez, para dar o exemplo. Não se pode ter tudo, mas não é
por aí que o gato vai às filhoses. <o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Arial, Helvetica, sans-serif;">Mas já agora fica uma pergunta:
porque é que o assunto ficou a marinar de 2012 para cá? Das duas uma: ou as
explicações foram suficientes na altura e o assunto não devia ter reaparecido,
a menos que houvesse novos dados – e não parece haver – ou não foram, e o
assunto deveria ter sido devidamente escrutinado imediatamente. Espera. Também
há a hipótese deixa-cá-pôr-isto-de-vinha-de-alhos-que-agora-está-lá-o-Calimero-e-o-Costa-não-aproveita-o-empurrãozinho.
Mas não, não pode ser isto, porque o jornalismo em Portugal é sempre sério. E
imparcial. <o:p></o:p></span></div>
<br />
<div style="text-align: justify;">
<br /></div>
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